domingo, 13 de junho de 2010

O SUS E O SUPREMO

24 de maio de 2010

O SUS subiu no telhado

Muita gente já deve ter ouvido a história de um casal que dedicava especial atenção e carinho a um gato de estimação. Quando fizeram uma longa viagem de férias, deixaram o gato sob os cuidados da empregada. Após alguns dias, a Madame ligou e perguntou sobre como estava o gato. A empregada, então, respondeu: — Seu gato morreu!

A Madame, nervosa e desesperada, entrou em pânico. O marido, também, chocado, repreendeu a empregada, dizendo-lhe que deveria ter sido mais cuidadosa e sensível ao dar a notícia. Ele a instruiu sobre uma forma mais sutil de transmitir tais acontecimentos:

— Você poderia começar dizendo "o gato subiu no telhado". Depois diria que ele se desequilibrou. Em seguida, que caiu do telhado e acabou não resistindo à queda. Seria mais sensível.

Semanas depois, estando ainda de férias, a Madame ligou novamente para a empregada e perguntou-lhe se tudo estava bem. A empregada, cuidadosamente, respondeu-lhe:

— As coisas estão indo muito bem. Mas sua mãe subiu no telhado...

Esta engraçada historinha retrata muito bem o ataque deferido na mês passada contra o SUS (Sistema Único de Saúde). Empregado pelo CREMERS (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul) e referendado pelo STF (Supremo tribunal federal) em que o conselho consegue privatizar a saúde pública internamente ferindo os princípios de universalidade, equidade e gratuidade.

Um retrocesso à categoria médica consegue ressuscitar a extinta “diferença de classes” que proporciona a possibilidade de clínicas e hospitais públicos e privados venderem vagas do SUS desde que o paciente esteja disposto e/ou possa pagar pelo serviço que até pouco tempo o SUS garantia a gratuidade.

Os reflexos são devastadores à população mais carente, pois inverte posições nas filas de espera por causa do leilão de atendimentos e promoções no novo pregão da saúde que serão criados.

E nas três filas que serão criadas: atendimento particular, particular subsidiado pelo SUS e 100% SUS, quem vai levar a pior?

Além de facilitar a dupla cobrança: uma vez do SUS, outra do usuário (prática comum em alguns hospitais que fazem a cobrança do SUS e depois do seguro DPVAT) e também a sonegação do imposto de renda, pois as despesas médicas já podem ser totalmente restituídas do imposto.

A ação do CREMERS demonstra que a entidade não defende o SUS. Defende a mercantilização da saúde. Não é a defesa da saúde é defesa da doença para lucrar com ela.

A decisão do STF tenta desmontar o SUS, uma das maiores conquistas do povo brasileiro na constituição federal de 1988 que serve de exemplo ate para o governo Americano do presidente Barack Obama.

Ângelo Marques

Educador Social

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