O SUS subiu no telhado
Muita gente já deve ter ouvido a história de um casal que dedicava especial atenção e carinho a um gato de estimação. Quando fizeram uma longa viagem de férias, deixaram o gato sob os cuidados da empregada. Após alguns dias, a Madame ligou e perguntou sobre como estava o gato. A empregada, então, respondeu: — Seu gato morreu!
A Madame, nervosa e desesperada, entrou
— Você poderia começar dizendo "o gato subiu no telhado". Depois diria que ele se desequilibrou. Em seguida, que caiu do telhado e acabou não resistindo à queda. Seria mais sensível.
Semanas depois, estando ainda de férias, a Madame ligou novamente para a empregada e perguntou-lhe se tudo estava bem. A empregada, cuidadosamente, respondeu-lhe:
— As coisas estão indo muito bem. Mas sua mãe subiu no telhado...
Esta engraçada historinha retrata muito bem o ataque deferido na mês passada contra o SUS (Sistema Único de Saúde). Empregado pelo CREMERS (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul) e referendado pelo STF (Supremo tribunal federal) em que o conselho consegue privatizar a saúde pública internamente ferindo os princípios de universalidade, equidade e gratuidade.
Um retrocesso à categoria médica consegue ressuscitar a extinta “diferença de classes” que proporciona a possibilidade de clínicas e hospitais públicos e privados venderem vagas do SUS desde que o paciente esteja disposto e/ou possa pagar pelo serviço que até pouco tempo o SUS garantia a gratuidade.
Os reflexos são devastadores à população mais carente, pois inverte posições nas filas de espera por causa do leilão de atendimentos e promoções no novo pregão da saúde que serão criados.
E nas três filas que serão criadas: atendimento particular, particular subsidiado pelo SUS e 100% SUS, quem vai levar a pior?
Além de facilitar a dupla cobrança: uma vez do SUS, outra do usuário (prática comum em alguns hospitais que fazem a cobrança do SUS e depois do seguro DPVAT) e também a sonegação do imposto de renda, pois as despesas médicas já podem ser totalmente restituídas do imposto.
A ação do CREMERS demonstra que a entidade não defende o SUS. Defende a mercantilização da saúde. Não é a defesa da saúde é defesa da doença para lucrar com ela.
A decisão do STF tenta desmontar o SUS, uma das maiores conquistas do povo brasileiro na constituição federal de 1988 que serve de exemplo ate para o governo Americano do presidente Barack Obama.
Ângelo Marques
Educador Social
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