terça-feira, 15 de junho de 2010

GOV. YEDA PUNE SOLDADO QUE ELOGIA PRONASCI

Porto Alegre, 10 de junho de 2010.

Jornal O SUL - Coluna de Beatriz Fagundes

A suposta perseguição só não é evidente para pessoas além da ingenuidade política.

Essa é uma coluna que espero que chegue ao conhecimento da excelentíssima governadora do Estado do Rio Grande do Sul, Yeda Rorato Crusius. A professora Yeda sempre foi, e é, defensora dos princípios democráticos, e se não chega a agradar a todos, isso, certamente, além de não a incomodar, apenas fortalece sua condição de independência a toda e qualquer cadeia que imponha um pensamento único.

Longe de pretender mudar um átimo das decisões de governo, faço aqui um apelo público para que a governadora busque saber de forma objetiva e nos esclareça, se assim for de seu interesse, o motivo que levou o comando da Brigada Militar a remover, retirando todas as vantagens, o soldado César Otavio Brum Guimarães.

O ofício de transferência é de n 05145/SAdm - DA/ 2010. O soldado Guimarães possui uma ficha irreparável de 21 anos de serviços à Brigada Militar. Segundo ficou aparente, uma suposta retaliação, com sua transferência e retirada de todas as vantagens funcionais, se deu em virtude de sua imagem ter sido veiculada elogiando o Pronasci no programa do Partido dos Trabalhadores, seguido de uma jovem também fazendo referências elogiosas ao ProUni, dois programas vitoriosos de grande impacto social, idealizados durante as administrações do pré-candidato Tarso Genro nos ministérios da Justiça e da Educação, no governo Lula.

É voz corrente que o soldado foi enquadrado por motivos políticos, ou seja, por ter aparecido no programa do PT. Primeiro nos recusamos a acreditar que os boatos fossem verdadeiros, chegamos inclusive a pedir confirmação ao próprio comando da BM, que alegou, durante todo o tempo, estar em "reunião". Mas, infelizmente, recebemos cópia do ofício, e a suposta perseguição só não ficaria evidente para pessoas além da ingenuidade política.

Interessante que há algumas semanas coronéis comandantes estiveram na Assembleia Legislativa ameaçando com o "caos" caso não fosse aprovado projeto salarial de seu interesse, e nenhum deles, apesar do flagrante enfrentamento ao comando, com ameaças claras, foi removido ou sofreu qualquer sanção. Agora surge um soldado (!?) que apenas elogiou um programa federal e contra ele são tomadas todas as atitudes cabíveis no ainda comprometido regimento castrista, com viés ainda de ditadura, da Brigada Militar? Dizem que ele mentiu ao afirmar que "essa foi a primeira vez que tenho um investimento na minha carreira de formação de combate ao crime". Ora, qualquer um sabe que são usados trechos de depoimentos, e ele se referia, obviamente, ao fato de que este programa - o Pronasci - oferece pagamento aos participantes. Ninguém desconhece a penúria salarial dos níveis inferiores da briosa BM.

Senhora governadora, tomo a liberdade de publicamente pedir que o soldado tenha direito a plena defesa, e que sua transferência e perda total de todos os benefícios não venha a se caracterizar como perseguição política, pois, se assim for, estaremos rasgando toda a história recente dos partidos que defendem de forma radical a democracia.

Se ele cometeu alguma falta grave, se desacatou algum superior, se foi flagrado cometendo algum crime, desconsidere nosso apelo, mas, se nada disso houve e o motivo tenha sido o que dizem os bastidores da política gaúcha, por razões de retaliação eleitoreira, tenho certeza de que essa injustiça não será suportada por quem jurou defender a Constituição Brasileira.

Talvez eu não receba resposta a este apelo público, mas o faço consciente que estou apelando para uma autoridade que merece nosso respeito por suas qualidades democráticas e de justiça. Humildemente, ficarei aguardando uma resposta.

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